4 de julho de 2011

Do velho se faz novo...

Podia ser um post sobre reutilização mas não é. É um post de opinião. Da minha opinião. E parte daqui. Vale a pena ler, embora não traga quase nada de novo pelo menos faz-nos pensar.
Eu não acredito da igualdade dos sexos. Ninguém me convence que é possivel atingir essa igualdade. Os géneros são diferentes, e a diferença começa na biologia, no próprio código genético.
Homens e Mulheres são semelhantes mas não iguais. Biologicamente estão predispostos a capacidades diferentes, têm metabolismos diferentes, a forma como o cérebro funciona é diferente. Igual só mesmo o facto de termos um corpo constituido por cabeça, tronco e membros, e pescoço para os mais exigentes.
E se a biologia é, por si só, suficiente para fazer a diferença entre sexos, ainda mais o é a educação.
Eu fui educada para fazer tudo. Talvez por ser a terceira filha dos meus pais, não padeci da educação dita "tipica" de rapariga, até porque o meu pai sempre fez questão de nos ensinar tudo, por igual, independentemente de sermos filhos homens ou mulheres. Foi o meu pai que nos meus 12 anos me ensinou a usar uma espingarda de caça submarina e me deixou partir livremente com ela para o mar, foi o meu pai que nos pôs um rolo e um tabuleiro de tinta nas mãos para pintarmos a casa, foi o meu pai que nos ensinou a entrarmos e a saírmos do mar sem perigo, e poucas pessoas tiveram a sorte de serem bem treinadas nas águas das praias do Meco em dias de bandeira vermelha.
Por ser a terceira, não posso dizer que tenha sentido uma grande diferença entre a minha educação e a do meu irmão. Excepto no que respeita à convivência com o sexo oposto e por razões culturais que embora tenham a minha discordância, considero aceitáveis dada a educação que eles próprios tiveram.
Por outro lado, a minha educação foi fortemente marcada pela presença quotidiana da minha avó, que, bem ao estilo do inicio do século XX, sempre se esforçou para que tanto eu como a minha irmã fossemos, no futuro, donas de casa exemplares, e de facto aprendemos a fazer tudo, embora na verdade pouco ou nada tivessemos que fazer em casa. Já o meu irmão foi resguardado, porque homem não limpa, não cose botão, não cozinha.
Apesar de ter nascido nos finalmentes da década de 70, conheci poucos (mesmo muito poucos) homens que tivessem sido educados para uma vida a dois baseada na igualdade entre géneros, que estivessem prontos para desenrascar uma refeição sofrivel, que soubessem pegar num ferro de engomar sem medo e não demorassem 20 minutos a engomar uma camisa, que soubessem mudar uma cama de lavado sem terem de estudar quantos ângulos tem a cama...
E existe uma outra variável na questão da igualdade de géneros num agregado familiar, que quanto a mim faz toda a diferença, que é nada mais do que a existência ou não de filhos e a quantidade deles.
Até porque os niveis de cansaço e a respectiva intolerância às desigualdades são, quanto a mim, directamente proporcionais ao numero de filhos que um casal tem a seu cargo.
Há quem defenda que o Homo sapiens enquanto espécie animal, evoluiu de tal maneira que perdeu os seus instintos. A mim parece-me que o que se perdeu foi a capacidade de reconhecer nalguns comportamentos,  reacções "irracionais" de instinto. Basta ver que o conceito de "casa" é interiorizado de forma diferente pelos dois géneros. Para os homens, basta que seja um abrigo para passar a noite longe das intempéries e dos predadores, interessa que seja de estrutura robusta e pouco mais. Já para as Mulheres a casa é o ninho, tem que servir uma série de propósitos e inconscientemente tem de servir o propósito de ser indicado para assegurar a segurança e protecção das crias, tem de ser confortável, ter espaço em quantidade suficiente, ser termicamente adequado e ventilado, tem de forrar chão e paredes para que fique tudo macio e suave, enfim... as analogias são infinitas.
Quantos homens é que vocês conhecem que, dentro da própria casa, não sabem em que lugar está guardado uma determinada coisa, nem tem de ser nada demasiado sofisticado, por exemplo em que armário estão arrumados os guardanapos, ou a roupa das crianças, ou as toalhas de por na mesa?!
Quantas de vocês já ouviram pedir a uma homem que vista uma criança e o resultado é de fugir. Não falo pela questão estética mas pela questão funcional. Nunca vos apareceu uma criança vestida para a cama com um pijama de meia estação quando a noite está é para manguinha curta e calções?!
E quantas vezes é que ouviram pedir uma coisa especifica e no máximo, 30 segundos depois, o homem perguntar em que sitio é que isso está, ou porque não sabe ou porque não está a ver.
Estas e outras situações são que baste para levar muitas de nós ao desespero, especialmente as que aspiram a uma divisão de tarefas equilibradas dentro do agregado familiar.
A própria questão da parentalidade é assimétrica e com papeis tão entranhados na biologia e na cultura que só ajuda a que a "igualdade" se torne cada vez mais um ideal utópico. Porque os recém nascidos são pequeninos e metem medo, podem-se partir, escorregam no banho, não se acalmam ao colo do pai, choram muito... Depois crescem e querem a mãe para tudo, estão sempre na cama dos pais, as noites que se dormem incompletas (quando se dormem) as vezes que se levantam, porque o sono dos Homens é sagrado e o de nós, mulheres e mães é sacrificável, porque a escola também não fica em caminho para o trabalho e têm de chegar a horas ao trabalho, porque o trabalho deles é sempre tão mais importante que o nosso, nós que lutamos a cada dia que passa pela tão amplamente discutida flexibilização e que nos esforçamos tanto para estar em todo o lado ao mesmo tempo, que chegamos atrasadas, que trabalhamos o trabalho de dois dias num dia só para podermos sair do trabalho a horas de irmos novamente à escola que não lhes fica em caminho. Já para não falar das idas ao médico que calham sempre tão mal, que podiam sempre ser a uma hora melhor, que desse mais jeito (embora nem eles saibam que hora é essa), enfim... podia estar aqui para sempre.
Eu percebo e sou até simpatizante desta causa igualitária entre géneros, que nasceu dessas grandes mulheres sufragistas que tanto mudaram as sociedades ocidentais. Que lutaram pelo direito de trabalharem em moldes iguais aos homens, que lutaram pelo direito de vestir o que bem lhes apetece, de beber e fumar, de viajar e de gastar o seu dinheiro onde e como bem o entenderem, que lutaram pelo direito ao voto entre tantos outros direitos. Que se cansaram de mudar o papel social da mulher, mas que se esqueceram que também o papel social do homem tinha de ser mudado, e não como consequência mais ou menos directa da mudança das mulheres.
E essa mudança social do papel do Homem já devia ter começado, e acredito mesmo que sim, embora com pouca expressão. Apesar de tudo parece que há quem tenha essa "igualdade" embora sejam, tanto quanto eu conheço, poucos.
E creio que passa um pouco por todos na educação que damos aos nossos filhos e às nossas filhas. Porque embora nos seja impossivel alterar a nossa biologia, podemos sempre alterar a forma como culturalmente nos identificamos.
Resta-me esperar que haja por aí mães de meninos em quantidade a educá-los para um futuro a dois baseado na partilha de responsabilidades (e não na divisão de tarefas), na parentalidade tal como a sonharam, integralmente e a dois, e no comprometimento mutuo por uma existência em familia, para que as minhas filhas possam conhecer essa vida a dois que esta geração ainda sonha conquistar.
Resta-me também esperar que as mães de meninas quebrem o estigma dos contos de fadas e dos principes encantados, porque somos só mulheres, com o tanto que isso implica e o que a vida nos dará é simplesmente um homem, com tudo o que de bom tem e com tudo o que de mau tem. Eduquemos também as nossas filhas com expectativas de futuro razoáveis.
Podemos já não ir a tempo de mudar a sociedade para nós, mas o futuro são também eles e por eles vale certamente a pena.

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