27 de julho de 2011

O Drama da sopa - os episódios seguintes

... E depois a Teresa fez oito meses e viemos de férias e no primeiro dia de férias esteve com diarreia. E a mãe pensou, mau... E depois fez uma canja de arroz com muito arroz e cenoura, e nada de cebola e com franguinho do campo, e passou tudo muito bem passadinho e depois deu à Teresa...
E a teresa comeu os primeiros 90ml da sopa como se sempre tivesse comido sopa, de boca aberta e a engolir tudo na perfeição sem tosses nem espirros nem mais nada. Comeu tudo tão bem que a mãe acabou por lhe dar os restantes 90ml de sopa e assim, como se não houvesse um passado para trás a Teresa comeu 180ml de sopa.
As refeições seguintes foram iguais até que aquela sopa acabou e a mãe fez outra igual mas com perú e com 100gr de feijão branco demolhado. E a Teresa comeu tudo outra vez. Depois outra igual mas novamente com frango e com espinafres para ver como corria, e mais uma vez tudo comido.
E depois esta sopa acabou e a mãe resolveu evoluir para uma sopa mais sopa e fez uma com batata doce, abóbora, nabiça e courgette e pato, e continua a comer bem, nem sempre os 180ml de sopa mas mais do que os 150ml.
Por isso e até ver, a peste para comer sopa foi de férias, tal como nós. De resto os iogurtes continuam no topo da lista e os biberons de papa também. A fruta só se for a que eu estou a comer, porque a mesma feita em papa e dada a colher já não vai tão bem.
Passou a comer bolachas e pão sem se  atrapalhar com as migalhas e já começou a gatinhar para a frente, embora ainda a medo.
Finalmente já se consegue sentar sozinha levantando-se quando está deitada, e já nos pregou o primeiro grande susto ao cair da cama dos pais depois de gatinhar até à beira, o que lhe deu direito a uma ida às urgências, mas felizmente foi só o susto. Engraçado é a Mafalda também ter caído da cama com 8 meses (gene é gene).
Hoje deu o seu primeiro mergulho na piscina, com direito a cabeça na água e tudo. Adora a água e gosta muito de dar aos pés mas a água na cara ainda lhe faz muita confusão.
Também passou a tomar banho comigo e com a Mafalda, ritual a que ela se está a habituar embora ache um pouco estranho ver a mana a dar-lhe banho. Também estranha o chuveiro embora não se assuste como a Mafalda se assustava.
E com tudo isto a Mafalda está sempre a dizer: "mãe a nossa mana é tão querida, tão querida que eu até gosto dela."
E eu sorrio por fora e ainda mais por dentro, e agradeço a vida que tenho, porque sou feliz.

13 de julho de 2011

Da Mafalda

Ontem pela primeira vez a Mafalda tomou banho sozinha. Já por vários dias me dizia que já era crescida e que já sabia tomar banho sozinha, por isso ontem acedi.
Meteu-se debaixo do chuveiro, lavou o cabelo e o corpo todo, mesmo atrás das orelhas, depois o amaciador e o óleo e estava bem lavadinha.
Inchadas de orgulho, ela e eu! Mais um degrau da autonomia vencido.
Segue-se a fralda da noite, que ela insiste em querer tirar embora todos os dias acorde com ela suja. Está prometido para as férias, que é para eu ter mais disponibilidade para gerir os acidentes e as suas consequências.
Quanto ao vestir, já há um ou dois meses que me aparece todos os dias vestida (e bem), menos aos fins de semana que esses são sagrados.
Não me posso queixar, com 3 anos e meio ela já pouco tem de bebé e é uma grande companheira e uma grande "ajudanta" como ela diz.

11 de julho de 2011

A prenda da Bia

A minha sobrinha fez 2 anos! GRANDE! Vai daí que tirei a cebeça e as mãos dos convites de casamento para fazer a prenda dela.
Recebi no fim da semana passada mais uma encomenda de tecidos dos EUA e um deles tinha mesmo a cara dela.
O modelo base é o Pillowcase Dress, na sua versão mais simples.
Como não queria fazer um vestido, acabei por usar uma das camisolas da Mafalda para servir de modelo e conseguir ficar com as dimensões certas para uma túnica.
My niece turned 2 this weekend! So I took my head and my hands out of the wedding invitations to make her birthday gift.

Last week i recived my fabrics from U.S. and one of them was just perfect for her.
The base model is the Pillowcase Dress, in its simplest version.
But I didn't want to make a dress, I wanted a shirt so I ended up using one of Mafalda shirts to model and to get the right dimensions.



Acrescentei uma borboleta de tecido, feita com fuxicos e nas antenas fita de cetim em preto. I added a fabric butterfly
I fiz um bordado na fita de algodão, só para quebrar um pouco o contraste de cores. I added a machine embroidery on the cotton ribbon, just to break the color contrast.

7 de julho de 2011

Wedding Invitations... Convites de Casamento

Organizar um casamento tem muito que se lhe diga, e uma das coisas mais dificeis é fazer com que o casamento seja "nosso", reflexo de quem somos, dos nossos gostos particulares e das coisas que nos unem enquanto casal.
Encontrar o sitio ideal não foi dificil, temos uma ideia semelhante daquilo que queremos para o casamento.
Dificil foi mesmo encontrar o modelo certo de convite de casamento, original mas suficientemente formal, que pudesse ser feito por nós mas mantivesse a elegância e distinção do momento a que se destina, e que fosse aquele convite que as pessoas olhasses e dissessem, é mesmo deles.
Vai daí que depois de muitos testes e experiências o resultado chegou com o nivel de satisfação que se pretendia.
Organizing a wedding has a lot to be said, and one of the hardest things is to make it  a reflection of who we are, our particular tastes and the things that unite us as a couple.
Finding the perfect place was not hard, both of us have a similar idea of ​​what we want for our wedding.
But the wedding invitation sure was hard to find! We wanted the perfect wedding invitation: unique but sufficiently formal, that could be done by us but kept the elegance and distinction of the moment, and that was THE invitation that people would look and say, yeah it's all them.
And so after many tests and experiments we got the formula and reach the level of satisfaction that was intended.

A frente do envelope. Fita de tule dourado e flor de tecido (fuxico de 5 pétalas), centro da flor em esferovite pintada e forrada a tule. Os nomes dos convidados são escritos à mão, também a dourado com uma caneta da Sakura que é absolutamente viciante de tão interessante que é.
The front of the envelope. Tape golden tulle and fabric flower.  Flower center made with painted foam and lined golden tulle. The names of the guests are written by hand, also with a gold pen from Sakura.
 Pormenor da Flor. Fabric flower detail
 As costas do envelope com a fita de tule dourado. Back envelope with golden tulle
 O convite propriamente dito. No total tem 6 camadas: cartão, tecido, entretela, cartão, entretela e novamente tecido. O tecido de fora é um Kona Bay da colecção Flight of the Dragonflies, tem uns contornos dourados em alguns pontos das flores e é simplemente magnifico. Tem as minhas cores! Não podia ser mais meu, o lado dele é a sobriedade com que o resto do convite está elaborado. O convite tem vários tipos de letra diferentes, um para os nomes dos pais, outro para a fraze intercalar e algumas palavras de texto, uma para o nosso nome, e outra para a localização, hora e dia do casamento, bem como para os nossos contactos. Dá-lhe um ar jovem e dinâmico mas mantêm-lhe a elegância sem ser clássico.
The invitation itself  has 6 layers: cardboard, fabric, interfacing, cardboard, interfacing and fabric again. The outside fabric is a Kona Bay from the Flight of the Dragonflies collection, it has a golden outline of the flowers on some points and is simply magnificent. It has my colors!  The invitation has several different letter  fonts, one for the parents' names, one for the middle fraze and for a few words of text, one for our names, and one for the location, time and day of the wedding, as well as for our contacts. It's gives a young and dynamic look but keep it elegant without being too classic .


 Um pormenor da lateral. Cartão cosido no tecido com persponto roxo. Debrue a toda a extensão do convite com linha metálica em dourado.
A detail from the side. Card  sewn into the fabric with purple thread. The invitation is all overcast with golden metallic thread.

 As costas do convite são de um tecido roxo, ligeiramente manchado em tons alternadamente mais claros e mais escuros que lhe confere um dinamismo prórprio e permite um acabamento exemplar do convite.
The back of the invitation is a purple fabric, slightly stained in tones alternately lighter and darker giving it a dynamic finishing.

Agora multipliquem isto por 60 convites...Now multiply this by 60 invitations
Tenho estado ocupada, tenho, tenho... Até mais logo que só ainda tenho 20 feitos e ainda me faltam... 40!!!!
I have been busy, busy, busy ... See you later, i have only 20 made and I still have more to do ... 40!!

Vou passar a fazê-los para quem quiser por encomenda. É so mandarem um mail.
I'll be selling this kind of wedding invitations by order. If you're interested send me an email.

4 de julho de 2011

Do velho se faz novo...

Podia ser um post sobre reutilização mas não é. É um post de opinião. Da minha opinião. E parte daqui. Vale a pena ler, embora não traga quase nada de novo pelo menos faz-nos pensar.
Eu não acredito da igualdade dos sexos. Ninguém me convence que é possivel atingir essa igualdade. Os géneros são diferentes, e a diferença começa na biologia, no próprio código genético.
Homens e Mulheres são semelhantes mas não iguais. Biologicamente estão predispostos a capacidades diferentes, têm metabolismos diferentes, a forma como o cérebro funciona é diferente. Igual só mesmo o facto de termos um corpo constituido por cabeça, tronco e membros, e pescoço para os mais exigentes.
E se a biologia é, por si só, suficiente para fazer a diferença entre sexos, ainda mais o é a educação.
Eu fui educada para fazer tudo. Talvez por ser a terceira filha dos meus pais, não padeci da educação dita "tipica" de rapariga, até porque o meu pai sempre fez questão de nos ensinar tudo, por igual, independentemente de sermos filhos homens ou mulheres. Foi o meu pai que nos meus 12 anos me ensinou a usar uma espingarda de caça submarina e me deixou partir livremente com ela para o mar, foi o meu pai que nos pôs um rolo e um tabuleiro de tinta nas mãos para pintarmos a casa, foi o meu pai que nos ensinou a entrarmos e a saírmos do mar sem perigo, e poucas pessoas tiveram a sorte de serem bem treinadas nas águas das praias do Meco em dias de bandeira vermelha.
Por ser a terceira, não posso dizer que tenha sentido uma grande diferença entre a minha educação e a do meu irmão. Excepto no que respeita à convivência com o sexo oposto e por razões culturais que embora tenham a minha discordância, considero aceitáveis dada a educação que eles próprios tiveram.
Por outro lado, a minha educação foi fortemente marcada pela presença quotidiana da minha avó, que, bem ao estilo do inicio do século XX, sempre se esforçou para que tanto eu como a minha irmã fossemos, no futuro, donas de casa exemplares, e de facto aprendemos a fazer tudo, embora na verdade pouco ou nada tivessemos que fazer em casa. Já o meu irmão foi resguardado, porque homem não limpa, não cose botão, não cozinha.
Apesar de ter nascido nos finalmentes da década de 70, conheci poucos (mesmo muito poucos) homens que tivessem sido educados para uma vida a dois baseada na igualdade entre géneros, que estivessem prontos para desenrascar uma refeição sofrivel, que soubessem pegar num ferro de engomar sem medo e não demorassem 20 minutos a engomar uma camisa, que soubessem mudar uma cama de lavado sem terem de estudar quantos ângulos tem a cama...
E existe uma outra variável na questão da igualdade de géneros num agregado familiar, que quanto a mim faz toda a diferença, que é nada mais do que a existência ou não de filhos e a quantidade deles.
Até porque os niveis de cansaço e a respectiva intolerância às desigualdades são, quanto a mim, directamente proporcionais ao numero de filhos que um casal tem a seu cargo.
Há quem defenda que o Homo sapiens enquanto espécie animal, evoluiu de tal maneira que perdeu os seus instintos. A mim parece-me que o que se perdeu foi a capacidade de reconhecer nalguns comportamentos,  reacções "irracionais" de instinto. Basta ver que o conceito de "casa" é interiorizado de forma diferente pelos dois géneros. Para os homens, basta que seja um abrigo para passar a noite longe das intempéries e dos predadores, interessa que seja de estrutura robusta e pouco mais. Já para as Mulheres a casa é o ninho, tem que servir uma série de propósitos e inconscientemente tem de servir o propósito de ser indicado para assegurar a segurança e protecção das crias, tem de ser confortável, ter espaço em quantidade suficiente, ser termicamente adequado e ventilado, tem de forrar chão e paredes para que fique tudo macio e suave, enfim... as analogias são infinitas.
Quantos homens é que vocês conhecem que, dentro da própria casa, não sabem em que lugar está guardado uma determinada coisa, nem tem de ser nada demasiado sofisticado, por exemplo em que armário estão arrumados os guardanapos, ou a roupa das crianças, ou as toalhas de por na mesa?!
Quantas de vocês já ouviram pedir a uma homem que vista uma criança e o resultado é de fugir. Não falo pela questão estética mas pela questão funcional. Nunca vos apareceu uma criança vestida para a cama com um pijama de meia estação quando a noite está é para manguinha curta e calções?!
E quantas vezes é que ouviram pedir uma coisa especifica e no máximo, 30 segundos depois, o homem perguntar em que sitio é que isso está, ou porque não sabe ou porque não está a ver.
Estas e outras situações são que baste para levar muitas de nós ao desespero, especialmente as que aspiram a uma divisão de tarefas equilibradas dentro do agregado familiar.
A própria questão da parentalidade é assimétrica e com papeis tão entranhados na biologia e na cultura que só ajuda a que a "igualdade" se torne cada vez mais um ideal utópico. Porque os recém nascidos são pequeninos e metem medo, podem-se partir, escorregam no banho, não se acalmam ao colo do pai, choram muito... Depois crescem e querem a mãe para tudo, estão sempre na cama dos pais, as noites que se dormem incompletas (quando se dormem) as vezes que se levantam, porque o sono dos Homens é sagrado e o de nós, mulheres e mães é sacrificável, porque a escola também não fica em caminho para o trabalho e têm de chegar a horas ao trabalho, porque o trabalho deles é sempre tão mais importante que o nosso, nós que lutamos a cada dia que passa pela tão amplamente discutida flexibilização e que nos esforçamos tanto para estar em todo o lado ao mesmo tempo, que chegamos atrasadas, que trabalhamos o trabalho de dois dias num dia só para podermos sair do trabalho a horas de irmos novamente à escola que não lhes fica em caminho. Já para não falar das idas ao médico que calham sempre tão mal, que podiam sempre ser a uma hora melhor, que desse mais jeito (embora nem eles saibam que hora é essa), enfim... podia estar aqui para sempre.
Eu percebo e sou até simpatizante desta causa igualitária entre géneros, que nasceu dessas grandes mulheres sufragistas que tanto mudaram as sociedades ocidentais. Que lutaram pelo direito de trabalharem em moldes iguais aos homens, que lutaram pelo direito de vestir o que bem lhes apetece, de beber e fumar, de viajar e de gastar o seu dinheiro onde e como bem o entenderem, que lutaram pelo direito ao voto entre tantos outros direitos. Que se cansaram de mudar o papel social da mulher, mas que se esqueceram que também o papel social do homem tinha de ser mudado, e não como consequência mais ou menos directa da mudança das mulheres.
E essa mudança social do papel do Homem já devia ter começado, e acredito mesmo que sim, embora com pouca expressão. Apesar de tudo parece que há quem tenha essa "igualdade" embora sejam, tanto quanto eu conheço, poucos.
E creio que passa um pouco por todos na educação que damos aos nossos filhos e às nossas filhas. Porque embora nos seja impossivel alterar a nossa biologia, podemos sempre alterar a forma como culturalmente nos identificamos.
Resta-me esperar que haja por aí mães de meninos em quantidade a educá-los para um futuro a dois baseado na partilha de responsabilidades (e não na divisão de tarefas), na parentalidade tal como a sonharam, integralmente e a dois, e no comprometimento mutuo por uma existência em familia, para que as minhas filhas possam conhecer essa vida a dois que esta geração ainda sonha conquistar.
Resta-me também esperar que as mães de meninas quebrem o estigma dos contos de fadas e dos principes encantados, porque somos só mulheres, com o tanto que isso implica e o que a vida nos dará é simplesmente um homem, com tudo o que de bom tem e com tudo o que de mau tem. Eduquemos também as nossas filhas com expectativas de futuro razoáveis.
Podemos já não ir a tempo de mudar a sociedade para nós, mas o futuro são também eles e por eles vale certamente a pena.
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