3 de abril de 2009

Da Escola

A Mafalda cresceu e o colo da mãe é agora um mundo demasiado pequeno para ela e demasiado grande para mim. É atenta e esperta e aprende o que lhe digo. Fala com os olhos e com as mãos e com o corpo todo e ri-se de mim quando lhe digo para repetir as minhas palavras. Não tem pressa para falar mas entende-se perfeitamente. À noite bate com a mão na almofada como quem diz deita-te aqui ao meu lado. Refila se não vou logo. Quando me deito estica o braço e quer po-lo debaixo do meu pescoço e depois puxa-me com força para mais perto. Fico com a cabeça no pequeno ombro dela e é assim que ela me quer. Faz-me festas no cabelo. Digo-lhe vezes sem conta que é ao contrário, que a mamã sou eu e que eu é que faço as festinhas e que a ponho no colinho. Mas ela não quer saber e adormece assim a dar-me mimos. Comovo-me até mais não e acredito em todos os deuses e mais alguns.
Ela é activa, abre os livros todos, aponta para as coisas que certamente já sabe o que são, já reconhece as cores e as formas, sabe o que são as várias peças de roupa e onde estão. Não há uma única parte do corpo que não conheça. Faz os puzzles de madeira já sem olhar e quando brinca conosco põe as peças nos sitios errados só para nos ouvir dizir que não é ali. Gosta dos binhos todos e já os imita bem. Adora os legos que desmonta com uma rapidez doida. Tem uma energia que não acaba e gosta de limpar tudo o que vê. E dança e canta para dentro fazendo os gestos das músias e faz de conta que espirra quando eu espirro e finge que se assoa quando me vê assoar. Tem um boneco num livro que chora e faz sempre uma cara feia quando o vê a outra que cheira a flor ela também imita. Faz-me rir e ri-se depois.
Agora a escola. Passo enorme para mim. Morro de saudades. Ainda mais do que antes. Sei que ela está bem, tenho confiança no sitio que escolhi. Mas é um mundo novo, é o desenvolver de uma consciencia social mais alargada do que a familiar, são os amiguinhos, as educadoras, as músicas novas, as palavras, um mundo novo.
É mais uma adaptação que temos de fazer. Uma nova rotina, um novo hábito. Daqui a nada já nem nos lembramos destes dias. Ela chora quando eu saio o que é normal, eu só não choro porque tenho de ser forte e mostrar-lhe que está tudo bem.
Não está a ser dificil, ela come e brinca e chora quando se lembra de mim. Eu como e trabalho e só não choro porque as meninas crescidas não choram e levo o dia todo a pensar nela.
Logo logo já passamos os primeiros dias de escola e depois sobra só o ciúme de a ver querer ir para a escola sem chorar quando eu me venho embora.

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