5 de março de 2010

Dos pais

Aldo Naouri é um pediatra libio-francês. Não o conhecia até hoje. Hoje o meu chefe reenviou-me um mail com uma entrevista que a jornalista Catarina Fonseca fez a este senhor e que foi publicada na Revista Activa no dia 10 de fevereiro. A entrevista pode ser lida aqui e para quem se depara com a educação das crianças, e para quem não se quer demitir do papel educativo de pai e mãe, é de leitura obrigatória.
O tema tem sido amplamente discutido. Eu tenho lido várias opiniões e tenho assistido à triste realidade de pais que se demitiram do seu papel. Lamentavelmente não é de agora. Conheço uns quantos adultos-crianças que foram criados por pais demitidos e o resultado não podia ter sido pior. Pelo que vejo a tendência está a agravar-se.
E não quero ser uma mãe demitida dessa responsabilidade. Quero criar a minha filha, mas acima de tudo quero educá-la para ser uma adulta feliz mas responsável, independente mas equilibrada. E parece-me que é na diferença entre os conceitos criar e educar que reside grande parte dos mal entendidos que potenciam o desinteresse dos pais e a facilidade com que se demitem. Quando a Mafalda nasceu, por força das circunstâncias, passei alguns periodos por terras da Serra da Estrela, e para meu grande espanto, e de certa forma choque, todas as pessoas me desejavam "boa criação". Claro que é uma expressão popular e não quero com isto dizer que todas essas pessoas fossem ou viessem a ser pais demitidos. Mas para mim a criação são as galinhas e os patos, os coelhos, as ovelhas e as cabras, vacas e afins. Faz-se criação de muita coisa, de aves domésticas, de aves exóticas em cativeiro, de ovideos, de bovinos e suinos, até de caracóis. Mas as pessoas educam-se, e desde que nascem.
O que eu quero é evidênciar que nem sempre o conceito de educar está presente no quotidiano das pessoas. É claro que é importante alimentar, vestir e calçar, assegurar os cuidados de saúde e mantê-los em segurança. Mas é tão ou mais importante olhar para as crianças e não as ver como seres instantâneos em que satisfazer as necessidades do presente basta para garantir a sua sobrevivência. Se não existir um verdadeiro compromisso em educar, em ensiná-los a obedecer e a respeitar, a ensiná-los a hierarquia da vida e as regras e os limites, se não os responsabilizarmos pelas coisas de que são responsáveis, se não os ensinarmos a agir e a pensar por eles mas com respeito também por eles e pelos que os rodeiam, então estaremos a falhar como pais e a contribuir para mais uma geração de adultos-crianças. Frustrados e inseguros, irresponsáveis até ao limite, incapazes de assumirem as responsabilidades pelos seus actos, incapazes de acertar com o rumo que querem dar às suas vidas, sem objectivos nem ambições que não sejam as de satisfazer os seus caprichos imediatos, que choram como bebés quando não têm aquilo que querem e ainda assim são incapazes de lutar pelo que querem porque acham que têm direitos adquiridos e que as coisas lhes caem do céu, e que tudo o que têm de fazer na vida é ficar sentados á espera que aconteça ou que alguém lhes venha trazer as coisas numa bandeja.
E isto não é o que eu quero para a Mafalda, nem para os que vierem a seguir. Mas sei que nem sempre é facil ser autoritário e ralhar e ensinar comportamentos. E sei também que todas as idades têm o seu charme e os seus desafios. E sei também que os"terriveis dois" me estão a dar água pelas barbas, e que por vezes me é dificil manter o equilibrio e não ceder, e continuar não demitida no meu papel de mãe.
E é por tudo isto que, depois de ler a tal entrevista, encomendei o livro e me proponho a ler o que este senhor tem a dizer a pais que não se querem demitir mas que por vezes também ficam sem saber como não o fazer.
Para quem estiver interessado encomendei aqui.

A long post to say i found this book from a libian-french pediatrician after reading an enterview published in a portuguese magazine, e-mailed to me by my chief.
It's about children education and the urgent need to bring back active parents and their authority.
It's raising different points of view as he deffends a vertical family stucture with parents on top. Seems to obvious, doens't it? But how many families do you know where the rules are made by children and not by parents? See... Too many right?
The book is translated in several languages so if you have children to educate you should give it a look.  

1 comentário:

M. disse...

Parabéns, Mariana.
Pelo que vejo és uma mãe que tenta dar o melhor à sua filha e que é bastante equilibrada.
Beijinhos.
M. :)

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