10 de janeiro de 2012

L'enfant terrible

O ano novo começou ao ritmo a que o anterior acabou, ou seja muita coisa a acontecer em pouco tempo. No dia 1 a Teresa acordou com mais um dente, desta vez um canino superior, e no dia seguinte com o segundo incisivo inferior. Uma semana depois o segundo canino superior.
Ora, tenho para mim que um de nós (eu ou o pai, mas quase de certeza o pai) é descendente do famigerado conde drácula. Os caninos nasceram antes de todos os outros dentes, à excepção do incisivo inferior que continua pequenino, pequenino. É certo que estão muito a tempo, os outros é que estão atrasados. Mas ainda assim não deixa de ser estranho, e simultaneamente hilariante, ver esta piturra sorrir com sorriso de vampiro, é que para ajudar à festa, os caninos crescem muito mais depressa que os outros dois dentes que ela tem, logo quando ela se ri vê-se nada mais nada menos do que caninos, e grandes, e brancos.
Juntem isso ao temperamento dela, à fraca relação que ela tem com a sopa e com tudo o que não esteja no meu prato e que não seja iogurte ou papas, à forma como ela se aborrece quando lhe tentamos dar sopa e às birras que faz, às refeições que, com mais frequencia do que gostavamos, acabam por fazer uma rápida viagem de regresso ao mundo exterior depois de quase uma hora a tentar que ela a coma, e no fim de tudo somado, e feitas bem as coisas, chegam à fórmula mágica para perderem a vossa juventude e a vossa sanidade mental em três tempos.
Esta é a filha que me faz sentir bipolar. Se por um lado é um doce de bebé, agarrada a mim como só ela sabe ser, que me procura de noite e me agarra, que se deita em cima de mim só para ficar mais perto, que se ri muito para mim, que brinca e conversa e que me faz perceber que foi para isto que nasci, por outro lado consome-me em preocupações, e faz-me ver e rever mentalmente se existe alguma coisa que eu possa fazer de outra maneira, se estarei a falhar algum passo do processo ou se me esqueci de alguma coisa, que me faz oscilar entre pensar que é tudo normal, que é dela, que há bebés assim e que ela não tem de ser como a irmã, que se calhar é mesmo genético, que já a bisavó se queixava dos dela, dificeis para comer até à loucura, ou então que existe qualquer coisa de errado com ela, que podem ser sintomas de qualquer coisa que a pediatra não está a valorizar, que ela pode estar doente e eu para aqui a tentar achar que é tudo normal.
Pelo sim pelo não, acrescentei mais uma resolução à minha lista de ano novo. Vou levá-la a outro pediatra só para ouvir uma segunda opinião.
Tenho um pijama que nas calças têm uma série de tiras da Mafalda do Quino, e ontem dei por mim a ler uma delas que dizia: a vida é linda, o problema é que muitas vezes se confunde o lindo com o fácil.
E ser mãe é verdadeiramente lindo, tão lindo que não cabe em palavras tão pequenas como lindo ou bonito ou mesmo magnifico, mas não é fácil, nada nada fácil.

1 comentário:

Catmint disse...

:) ó Mariana já me fartei de rir!

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