Nem sei por onde começar :)
Para quem, por norma, começa a preparar o natal entre Julho e Agosto, este ano o natal foi o Caos. Total.
Primeiro porque o que queria fazer este ano não necessitava preparação tão antecipada e depois porque fui pondo projectos em cima de projectos e o Natal parecia-me tão longe ainda, que quando finalmente despertei faltavam menos de 48 horas.
O plano mudou tantas vezes que nem sei se me consigo lembrar de tudo o que fui alterando. Primeiro pensei em frascos de doce e bolachas, depois comecei a fazer o doce e guardei, por razões obvias, as bolachas para o fim. Algures pelo meio tive de organizar o meu casamento, que me deu coisas para fazer até ás 5 da manhã do dia em que casei.
Quando olhei para o calendário estavamos em Novembro e os anos das miúdas à porta, organizar 4 festas em 15 dias tem que se lhe diga. Quando passou a ultima festa já só queria era descansar e parece que alguém me ouviu, porque na altura em que me ia, finalmente, por a preparar o natal, ganhei uma semana de férias no Hospital dos Lusiadas à cebeceira do meu recem marido.
Susto passado, rotinas no caos, e de volta a casa vi-me grega para voltar a por as coisas em ordem e as prendas de natal por fazer.
Aqui perdi a noção do tempo, o que me acontece com alguma frequencia quando começo a dormir menos do que o razoável.
Ainda assim deixo-vos com o plano possivel.
O plano possivel acabou por ser oferecer bolachas embaladas em latas de leite em pó (da Teresa) que coleccionei o ano todo. As latas, inicialmente na versão A do plano, eram para forrar com tecido de natal, mas não vi nenhum de jeito por cá e achei que a ideia de comprar fora tecidos acabava por encarecer um projecto que se queria simples e económico. Por isso não comprei o tecido e fiquei à espera que me chegasse outra ideia via caldeirão das ideias.
Que chegou de facto em outubro quando me lembrei de pedir à Patricia que me fizesse um conjunto de carimbos que eu podesse usar para estampar um tecido. Já agora aviso que isto dos carimbos tem que se lhe diga de tão viciante que pode ser.
Comprei depois as almofadas de tinta apropriada para tecido e madeira, que para não variar nada, não são assim tão fáceis de achar por cá. O tecido optei por escolher o pano cru, por ser suficientemente grosso para suavisar a superficie irregular das latas (também não percebo porque é que não fazem as latas lisas). Só ficou a faltar o tempo para carimbar os panos e escrever Bolachas.
Algures no decorrer do processo deparei-me com umas receitas de chocolates, tipo lascas de chocolate com vários complementos, no original Chocolate barks (vale a pena pesquisar no google) e achei que davam igualmente um presente bestial e que podia aproveitar as latas também para isto. Não sei se repararam mas em cima do Natal fiz mais uma alteração no plano. Mas continuava sem tempo.
As canetas que usei são também para tecido e resolvi brincar com a com a caligrafia em com as cores para não ter as latas todas iguais. Não que fizesse grande diferença já que não eram todas para a mesma pessoa.
É claro que quando comecei a sobrepor o tecido nas latas cheguei à conclusão que as letras do rótulo se viam e vai daí que tive de as pintar a todas com tinta em spray e senti-me tão rebelde como qualquer graffiter, só que estava na minha cozinha, rodeada de cartões e latas e a pintar tudo de branco.
A sério, valeu-me o sr. administrador ter feito um manguito à troika e ao actual governo desta nossa republica, e ter oferecido a tarde do dia 23 aqui à menina, para ter tempo de fazer qualquer coisinha para oferecer a algumas das pessoas com quem passei a consoada.
Com este sufoco todo consegui fazer 4 latas do principio ao fim, duas com chocolates, as outras com bolachas. Podia ter sido pior mas fiquei a milhas do objectivo inicial. O bom é que nem eu me lembro bem qual era o objectivo.
Ainda assim, temos a crise como desculpa e ninguém leva a mal se este ano não estiver contemplado para receber uma lembrança nossa.
Os pendentes da lista têm a fantástica oportunidade de iniciar uma nova tradição que é a de receberem prendas no dia dos reis, como os espanhóis. Isto se eu ainda tiver cabeça e energia para acabar isto, se não já sabem o que o pai natal vai trazer para o ano!
Claro está que passei o dia 24 a fazer bolachas para enfiar nas latas e entre a Teresa e a Mafalda penduradas em mim e um pai sem saber que mais fazer para as manter entretidas e longe da cozinha, consegui só queimar 2 fornadas de bolachas o que não foi nada mau.
Isto porque enquanto as bolachas iam ao forno e os tabuleiros estavam ocupados eu andei feita louca a embrulhar as prendas para oferecer daí a umas horas.
Quando chegou finalmente a hora de sair de casa eu estava pronta para ir para a cama. Natal é quando o Homem quiser mas é por estas e por outras que só nos apetece o natal uma vez por ano, e geralmente apetece no fim do ano que é para parecer que ainda temos um ano inteiro até voltar a ser natal.
De regresso a casa depois da uma da manhã ainda estive a embrulhar as prendas delas até às 3 e meia da manhã. Valeu-me a TVI estar a dar o Assalto ao Arranha Céus e me ter presenteado com o Bruce Willis quando ele ainda era o Bruce Willis para me aquecer a noite.
Queriam fotos das latas todas bonitinhas não queriam? Também eu. Mas no meio do corre corre ficaram por tirar. Pode ser que as que hão de vir com os reis magos tenham tempo para a sessão fotográfica que este ano o pai natal estava com pressa.
O lado bom deste natal é que tive os meus pais e os meus sogros à mesa tanto na consoada como no dia de natal, o que foi muito bom. Gosto de ter toda a gente junta, e não sou nada dada a separatismos.
O lado bom deste natal é que tive os meus pais e os meus sogros à mesa tanto na consoada como no dia de natal, o que foi muito bom. Gosto de ter toda a gente junta, e não sou nada dada a separatismos.
As miudas adoraram o Natal, mais a Mafalda claro que estava doida a abrir as prendas dela e as da irmã. A Teresa adorou a confusão e agarrou-se logo a alguns bonecos que recebeu. A minha sobrinha mudou por comlpleto e saiu da asa da timidez e pela primeira vez em dois anos e meio dirigiu-me a palavra.
O meu avô, apesar do imenso cansaço que traz no corpo e do sofrimento que lhe vi nos olhos, estava babado com os bisnetos.
Apesar de tudo foi um natal como deve ser, com a familia, com a casa cheia de crianças e de alegria, com a mesa cheia de doces de natal, e com o sentimento inigualável de pertença.
Para o ano estamos lá outra vez.
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