Foi a 22 e já lá vão 31 e anos de altos e baixos, de muitas teimas minhas e muitas cabeçadas nas paredes duras que a vida me foi trazendo, também caí muitas vezes, umas vezes porque subi demais (mea culpa) outras porque a vida me pregou algumas rasteiras que nem sequer consegui adivinhar que se aproximavam.
Tem-me valido o optimismo, embora nem sempre o demonstre, e a verdadeira convicção de que tudo o que me acontece tem um propósito, ainda que eu não o consiga entender, acredito que há sempre algo a aprender, mesmo que sejam coisas que eu acho que não quero aprender.
Passei grande parte do meu tempo, até hà 3 anos atrás, a viver numa escuridão de mim. Não foi por acaso que um dia acordei e encontrei colado no estrado do beliche do meu quarto estas palavras sábias da Florbela Espanca: "Sozinha caminhei no labirinto, Aproximei meu rosto do silêncio e da treva, Para buscar a luz dum dia limpo". Na altura não percebi o que a minha mãe me estava a tentar dizer e foram precisos 10 anos para lá chegar, mas cheguei e felizmente encontrei o meu dia limpo. Aceitei o desafio de não caminhar mais sozinha e aos poucos fui-me dando sem me entregar, porque entendi que há coisas que só fazem sentido enquanto nos fazem feliz e essas coisas não devem depender do hábito, da frequência, da conveniência, da dependência ou do medo do que vem depois.
Pelo caminho aprendi que um AMIGO não é uma peça de colecção, não são precisos muitos. Basta até um só, mas um verdadeiro que esteja sempre à distância de um telefonema e que queira estar quando as coisas estão verdadeiramente feias. E o importante não é que ele saiba ouvir mas sim que nos saiba fazer falar, o que é sempre tão dificil.
Pelo caminho aprendi que um AMIGO não é uma peça de colecção, não são precisos muitos. Basta até um só, mas um verdadeiro que esteja sempre à distância de um telefonema e que queira estar quando as coisas estão verdadeiramente feias. E o importante não é que ele saiba ouvir mas sim que nos saiba fazer falar, o que é sempre tão dificil.
Pelo caminho aprendi o significado da palavra FAMILIA, talvez um pouco tarde mas não tarde demais, e tenho sido mais feliz assim, porque o amor que nos une fez toda a diferença e porque estiveram todos lá quando eu não quis estar, e ainda assim não desistiram de mim e souberam esperar que, a meu tempo, eu percebesse... e percebi.
Pelo caminho senti a força da palavra SAUDADE e a dor de perder quem tanto amamos, cedo de mais para mim... mas aprendi também que não sou egoísta e que perfiro mil vezes os anos que me esperam a recordar e a chorar de saudades do que assistir a mais um minuto de sofrimento. Acredito que ganhei dois anjos da guarda e só lamento não ter tido a coragem de lhes dizer em vida tudo aquilo que lhes digo no silêncio dos meus pensamentos, e de não ter agradecido nunca o tanto que me ensinaram.
Pelo caminho fiz-me mãe e isso fez de mim mulher, adulta e determinada, com muitas certezas e com muita vontade de encher os dias de cor, e serviu de desculpa para aprender e fazer tanta coisa... até mesmo este blog!
E novamente o desafio da maternidade, mas desta vez tão diferente em tudo que foi quase como fazê-lo pela primeira vez. E esta a valer a pena, por tudo.
E é por tudo isto e por mais tudo aquilo que não consigo, nem dá, para por por palavras, que hoje digo para mim mesma que estou agora onde sempre quis estar.
Tem sido uma viagem e peras!
2 comentários:
Gostei imenso deste teu texto...quase que me vieram as lagrimas aos olhos!!! lol...as pêras já vão a meio....
Nunca é tarde demais...
Parabêns atrasados...
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