Aos poucos vou regressando.
Este crescimento, meu e do bebé, consome-me o tempo e a energia. Esta letargia é boa e muito doce. Não sou daquelas mulheres que acha a gravidez uma altura mágica, mas tinha muitas saudades de me sentir assim.
Também aos poucos vou-me preparando para esta nova aventura. Não sei o que é ter outro filho. A minha experiência é a Mafalda, e nem este bebé é outra Mafalda nem "1+1=2". É tudo novo, outra vez!
E tem sido mesmo tudo novo. Sempre ouvi dizer que não se vive duas vezes a gravidez da mesma maneira e comigo não podia estar a ser mais verdade.
A começar pelo factor surpresa, que desta vez me apanhou um pouco menos de surpresa, ainda que na altura que estava a pensar que estava a engravidar já estivesse grávida, mas a verdade é que este bebé não podia ter sido mais desejado.
Depois há ainda a considerar o facto de que uma primeira gravidez acaba por ser pera doce, mais não seja porque não existem outras crianças a precisar da nossa atenção, e vencer os enjoos, as más disposições e o cansaço sem descuidar a atenção que os outros de nós requerem acaba por se tornar, em muitos momentos, extenuante. Ainda assim os milhões de beijinhos na barriga acabam por me fazer esquecer tudo o resto. O que faria eu sem os mimos da minha Mafalda?
A terceira grande diferença é que estou a trabalhar, e tenho uma rotina que não perdoa, o que ajuda sempre o cansaço a ter mais força do que nós! E também já não tenho a mesma idade, embora não me possa queixar muito, as coisas não são bem iguais!
Tudo isto somado faz com que muitas vezes eu tente procurar forças onde não as tenho e de tanto ultrapassar os meus limites acabei por fazer um descolamento do saco amniótico, que foi, em grande parte, responsável pelo meu afastamento. Muito repouso e muita ginástica mental foram, e continuam a ser, a grande solução para este problema, que com o avançar dos dias, está finalmente a resolver-se.
Ainda assim é dificil assumir que existem limitações, que há coisas que não posso fazer. Esta perda de autonomia dificulta-me o passar dos dias, mais na minha cabeça do que no evoluir da rotina. Estou habituada a fazer tudo, quando quero e como quero, gosto da sensação de não depender de ninguém, embora seja uma sensação falsa. Não somos ilhas. E eu não sou excepção.
Vale-me uma outra metade presente, que divide a rotina comigo, incansável e infinitamente paciente, e claro, uma familia como não há outra igual, que me serve de suporte emocional, e me afaga o cabelo e me diz que vai correr tudo bem e que vibra comigo nas minhas alegrias quando o médico me diz, finalmente, que o pior já passou.
São já dezanove semanas de coisas novas, de muitas emoções e algumas preocupações. Acima de tudo de mudanças, que se vão dando lentamente cá dentro sem que se percebam. Falo de mim enquanto mulher e pessoa e deste bebé que sinto mexer na minha barriga, e da forma como estas quase 300gr de gente conseguem mudar as vidas dos que por ela esperam.
19 semanas já foram. Faltam 21! Mal posso esperar...
Slowly I'm returning.
This growth, mine my babys, it's consuming me the time and energy. This lethargy is good and very sweet. I'm not one of those women who finds pregnancy a magical time, but i miss feeling this way.
I 'm also gradually preparing myself for this new adventure. I don't know what is to have another child. My experience is Mafalda, and this baby is not another Mafalda and "1 +1 = 2" is not a true logical sentence! It's all new again!
Everything has been new. Some say you don't live pregnancy twice the same way, and could not be more true to me.
Starting with the surprise factor, which this time caught me by surprise a little less, though by the time i was thinking I was getting pregnant i was already pregnant, but the truth is that this baby could not have been more desired.
Then there is still to consider the fact that a first pregnancy ends up being easier, because there are no other children in need of our attention, and getting over all those sick sensations and fatigue without neglecting the attention of others, can be, many times, exhausting.
The third major difference is that I am working and I have a routine that does not forgive and I do not have the same age, although I can not complain much, things are not quite the same!
All this together resukts in the fact that I often try to find forces where i do not have them and exceed my limits and them i end up with a detachment of the amniotic sac, which was largely responsible for my absence. Too much rest and mental gymnastics have been and continue to be a great solution to this problem, that as time goes by is finally resolved.
Yet it is difficult to assume that there are limitations, there are things I can not do. This loss of autonomy hinders me the days pass, more in my head than on the course of routine. I am used to doing everything, when I want and how I want, I like the feeling of not relying on anyone, although it is a false sensation. We are not islands. And I'm no exception.
But i have a great companier, tirelessly and endlessly patient, and of course a family like no other, that serves me emotional support, and tells me it will all be okay and that vibrates with me in my joy when the doctor tells me, finally, that the worst is over.
There are now nineteen weeks of new things, many emotions and concerns. Many changes are too slow to be seen now but will be huge. I feel this baby moving in my belly, and i keep wondering how this almost 300gr of people can change so much the lives of those who are expecting it?
19 weeks passed. 21 to go! Can not wait ...